Jazidas de matérias-primas líticas brasileiras: Uma visão geológica

Autores/as

  • Ulisses Cyrino Penha Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.2218/jls.v4i3.1624

Palabras clave:

Matérias-primas líticas, Escudos brasileiros, Bacias sedimentares, Geologia, Geoarqueologia, Domínios fisiográficos

Resumen

O trabalho tem como propósito auxiliar estudantes, pesquisadores e profissionais de Arqueologia a compreenderem a potencialidade de ocorrência de jazidas das principais matérias-primas líticas no Brasil em uma escala macrorregional. Essa potencialidade é apresentada de forma qualitativa e geologicamente setorizada: áreas que ocupam 42,7% do país e geologicamente conhecidas como Escudos Cristalinos, designados das Guianas, do Brasil Central e Atlântico; e áreas distribuídas no restante do território, as Bacias Sedimentares, sendo as maiores denominadas do Amazonas, da Foz do Amazonas, do Parnaíba, Sanfranciscana, do Pantanal e do Paraná. Em seguida, a potencialidade é mostrada com relação ao seu posicionamento nos maiores domínios paisagísticos brasileiros, denominados Amazônico, Cerrado, Mares de Morros, Caatingas, Matas de Araucária, Pradarias e Faixas de Transição. A escassez de atividades de campo da maioria dos cursos brasileiros de Arqueologia e Antropologia em geral não proporciona um embasamento em Mineralogia, Geologia e Geomorfologia para o desenvolvimento de pesquisas ou trabalhos arqueológicos. Nos casos específicos que envolvem investigações voltadas aos estudos líticos, esta realidade é agravada pela carência de mapas geológicos em escala apropriada. Para auxiliar a identificação das rochas e minerais mais frequentemente encontrados nos sítios arqueológicos brasileiros com material lítico são apresentados esquemas simplificados de classificação e identificação dos mesmos. Estes esquemas são particularmente úteis para identificar a natureza de matérias-primas líticas silicosas macroscopicamente similares e de grão muito fino como sílex, cherte, calcedônia, silcrete, arenito silicificado e quartzito fino, e as formas mais frequentes de quartzo. Embora não constitua propósito da pesquisa abarcar as matérias-primas pétreas da maioria dos sítios arqueológicos do Brasil, são feitas referências às naturezas líticas das indústrias de alguns deles.

Biografía del autor/a

Ulisses Cyrino Penha, Universidade Federal de Minas Gerais

Pesquisador colaborador
Setor de Arqueologia
Museu de História Natural e Jardim Botânico
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Rua Gustavo da Silveira, 1035. Santa Inês.
CEP 31080-010
Belo Horizonte
Brasil

Citas

Áb'Sáber, A.N. 1967, Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas do Brasil. São Paulo, Universidade de São Paulo. Orientação, IGEOG-USP, 3: 45-48.

Áb'Sáber, A.N. 1971, A Organização Natural das Paisagens Inter e Subtropicais Brasileiras. In: Simpósio sobre o Cerrado, São Paulo: Editora da USP / Editora Edgard Blücher, p. 1-14.

Aires da Fonseca, J. 2007, Do Século XIX ao XX: cartas e publicações sobre os ídolos de pedra amazônicos. História e História, 06 de agosto de 2007. Disponível em http://www.historiahistoria.

com.br/materia.cfm?tb = arqueologia&id = 9. Acesso em 25 out. 2009

Araújo, A.G.M. 1991, As rochas silicosas como matéria-prima para o Homem Pré-Histórico: variedade, definições e conceitos. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 1: 105-111.

Araújo, A.G.M. 1992, As propriedades físicas dos arenitos silicificados e suas implicações na aptidão ao lascamento. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 2: 63-74.

Araújo, A.G.M. 2013, Geomorfologia e Paleoambientes no Leste da América do Sul. Implicações arqueológicas, p. 135-180. In: Rubin, J.C.R. & Silva, R.T (eds.). Geoarqueologia. Editora da PUC Goiás, Goiânia, 268 p.

Baeta, A. & Piló, H. 2005, Arqueologia do Quadrilátero Ferrífero. Aspectos preliminares sobre sua ocupação. Estudo de caso do Capão Xavier. Carste, 17(3): 116-131.

Barreto, A.M.F. 1996, Interpretação paleoambiental do Sistema de dunas fixadas do médio Rio São Francisco, Bahia. Tese de Doutorado. Instituto de Geociências, USP, São Paulo, 175 p.

Bassi, L.F. 2012, Tecnologia lítica: Análise diacrônica dos níveis mais antigos do sítio arqueológico Bibocas II, Jequitaí - MG. Dissertação de Mestrado. PPGAN-UFMG, Belo Horizonte, 286 p.

Bates, R.L. & Jackson, J.A. (Eds.), 1987, Glossary of Geology, 3rd ed. Virginia, Am. Geol. Institute.

Behling, H. 1996, First report on new evidence for the occurrence of Podocarpus and possible human presence at the mouth of the Amazon during the Late-glacial. Vegetation History and Archaeobotany, 5(3): 241-246.

Bishop, R.L. 2003, Instrumental neutron activation analysis of archaeological ceramics: progress and challenges, p. 35-44. In: Nuclear Analytical Techniques in Archaeological Investigations. IAEA-International Atomic Energy Agency. Technical Reports Series N. 416, Viena, 188 p.

Brandl, M. 2010, Classification of rocks within the chert group: Austrian practice. Archeometriai Mühely, 3: 183-190.

Brown, Kyle S.; Marean, Curtis W.; Herries, Andy I.R.; Jacobs, Zenobia; Tribolo, Chantal; Braun, David; Roberts, David L.; Meyer, Michael C.; Bernatchez, J. 2009, Fire as an Engineering Tool of Early Modern Humans, Science 325: 859-862, doi:10.1126/science.1175028

Bueno, L.M.R. 2005-2006, As indústrias líticas da região do Lajeado e sua inserção no contexto do Brasil Central. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 15-16: 1-21.

Bueno, L. 2010, A Amazônia brasileira no Holoceno inicial: tecnologia lítica, cronologia e processos de ocupação. In: Pereira, E. & Guapindaia, V. (orgs.), Arqueologia Amazônica, vol. 2: 545-560.

Cornejo, C. & Bartorelli, A. 2010, Minerais e Pedras Preciosas do Brasil. Solaris Edições Culturais, São Paulo, 704 p.

Costa, A.G. 2013, Rochas ígneas e metamórficas: texturas e estruturas. Editora UFMG. Belo Horizonte, 193 p.

Dana, J.D. & Hurlbut, C.S. 1974, Manual de Mineralogia. Tradução de Rui Ribeiro Franco. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 653 p.

Dias-Brito, D. & Tibana, P. 2015, Calcários do Cretáceo do Brasil. Um Atlas. UNESP-IGCE-UNESPetro, Obra 1, Rio Claro, 576 p.

Haffer, J. 1969, Speciation in Amazonian Forests Birds. Science, New Series, 165(3889): 131-137.

Hilbert, K. 1993, Organização e uso do espaço de grupos caçadores-coletores pré-históricos na gruta do Gavião, serra dos Carajás (PA). Relatório. Porto Alegre: PUC, 87 p.

Kattah, S.S. 1991, Análise Faciológica e Estratigráfica do Jurássico Superior / Cretáceo Inferior na Porção Meridional da Bacia Sanfranciscana, Oeste do Estado de Minas Gerais. Dissertação de Mestrado, Departamento de Geologia da Escola de Minas da UFOP, Ouro Preto, 227 p.

Klein, C. & Dutrow, B. 2012, Manual de Ciências dos Minerais. Tradução e revisão técnica: Rualdo Menegat. 23ed. Porto Alegre, Bookman, 706 p.

Hallsworth, C.R. & Knox, R.W.O’B. 1999, British Geological Survey Rock Classification Scheme, v.3. Classification of sediments and sedimentary rocks. Research Report. Number RR 99-03, Nottinghan, UK, 44 p.

Latrubesse, E.M.; Stevaux, J.C.; Santos, M.L.; Assine, M.L. 2005, Grandes Sistemas Fluviais, p. 276-297. In: Souza, C.R.G.; Suguio, K.; Oliveira, A.M.S.; Oliveira, P.E. (eds.), 2005, Quaternário do Brasil. ABEQUA. Holos Editora, Ribeirão Preto. 380 p.

Lima da Costa, M.; Behling, H.; Suguio, K.; Kaempf, N.; Kern, D.C. 2009, Paisagens Amazônicas sob a Ocupação do Homem Pré-histórico: Uma Visão Geológica. In: Teixeira, W.G. et al. (eds.), As Terras Pretas de Índio da Amazônia: Sua Caracterização e Uso deste Conhecimento na Criação de Novas Áreas. Embrapa Amazônia Ocidental. Manaus, p. 15-38.

Migliacio, M.C. 2006, O doméstico e o ritual: cotidiano Xaray no alto Paraguai até o século XVI. Tese de Doutorado, Museu e Arqueologia e Etnologia da USP, São Paulo, 464 p.

Montanheiro, T.J.; Artur, A.C.; Montanheiro, F.; Negri, F.A.; Gesicki, A.L.; Boggiani, P.C. 2011, Investigação tecnológica de arenitos silicificados da Formação Botucatu (NE do Paraná) para uso como rocha de revestimento. São Paulo, UNESP, Geociências, 30(2): 237-251.

Mortimore, R.N., Wood, C.J. & Gallois, R.W. 2001, British Upper Cretaceous Stratigraphy, Geological Conservation Review Series, No. 23, Joint Nature Conservation Committee, Peterborough, 558 p.

Oliveira, P.E.; Behling, H.; Ledru, M.P.; Barberi, M.; Bush, M.; Salgado-Labouriau, M.L.; Garcia, M.J.; Medeanic, S.; Barth, O.M.; Barros, M.A.; Scheel-Ybert, R. 2005, Paleovegetação e paleoclimas do Quaternário do Brasil, p. 52-74. In: Souza, C.R.G.; Suguio, K.; Oliveira, A.M.S.; Oliveira, P.E. (eds.), Quaternário do Brasil. ABEQUA. Holos Editora, Ribeirão Preto, 380 p.

Paraguassu, A.B. 1972, Experimental silicification of sandstones. Geol. Soc. Am. Bull., 83: 2853-2858.

Penha, U.C. 2012, Os Círculos de Pedra de São Romão, Minas Gerais: estruturas arqueológicas ou geológicas? Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, 21(2): 263-286.

Penha, U.C. 2015, Prospecção de Jazidas Líticas em Arqueologia: uma Proposta Metodológica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia da FAFICH/UFMG, Belo Horizonte, 227 p.

Pereira, C.E.B. 2000, Otimização de metodologias para análise multielementar de obsidianas por ICP-MS com amostragem por ablação a laser e aplicações em estudos de proveniência de artefatos arqueológicos. Disponível em www.2.dbd.puc-rio.br/pergamum/biblioteca/php/mostrateses.php?

arqtese=2000-PEREIRA_C_E_B.pdf

Prichystal, A. 2010, Classification of lithic raw materials used for prehistoric chipped artefacts in general and siliceous sediments (silicites) in particular: the Czech proposal. Archeometriai Műhely, 3: 177-181.

Prous, A.P. 1992, Arqueologia Brasileira. Editora UnB. 2ª ed., Brasília, 613 p.

Prous, A.P.P. 2004, Apuntes para análisis de industrias líticas. Ortegalia. Monografías de Arqueoloxía, Historia e Patrimonio. No 2. Ortigueira, Espanha, 172 p.

Prous, A.P.; Isnardis, A.; Pessoa Lima, A.; Alonso, M.; Piló H.; Migliacio, M.C. 2009, Matières premières “alternatives” dans le Brésil Central: quartz, quartzite, agate et hématite. Sternke, F.; Eigeland, L.; Jacques Costa, L. (eds.), Non-Flint Raw Material Use in Prehistory. Union Internationale des Sciences Préhistoriques et Protohistoriques, 2006, Lisboa, 11(77): 133-143.

Rapp Jr., G. & Hill, C. 1998, Geoarchaeology. The Earth-Science Approach to Archaeological Interpretation. Yale Univ. Press, London. 274 p.

Rioda, V.; Candelato, F.; Mota, L.; Parenti, F. 2011, Jazidas de rochas silicosas na área do Parque Nacional Serra da Capivara (Piauí, Brasil): primeiros dados geoarqueológicos. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia., São Paulo, 21: 103-113.

Rodet, M.J. & Duarte, D. 2012, Arqueologia na região de Jequitaí e Buritizeiro/MG: em busca da variabilidade regional do registro arqueológico pré-histórico. Relatório de campo-Prospecção. UFMG. Belo Horizonte, 14 p.

Rodet, J.; Rodet, M.J.; Willems, L.; Pouclet, A. 2009, Abordagem geomorfológica da bacia do rio Peruaçu e implicações geoarqueológicas. Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico / UFMG, Belo Horizonte. In: Prous, A. & Rodet, M.J. (eds.), Arqueologia do Vale do Rio Peruaçu e Adjacências – Minas Gerais, Tomo I, 19: 75-103.

Rodet, M.J.; Guapindaia, V.; Matos, A. 2010, Análise tecnológica e cadeia operatória: uma nova proposta para a indústria lítica lascada das culturas ceramistas da Amazônia. In: Pereira, E. & Guapindaia, V. (orgs.), Arqueologia Amazônica, vol. 2: 681-711.

Ross, J.L.S. 1991, O relevo brasileiro, as superfícies de aplanamentos e os níveis morfológicos. Revista do Departamento de Geografia, N.05, FFLCH/USP, São Paulo.

Schmitz, P.I. 1987, Prehistoric Hunters-gatherers of Brazil. Journal of World Prehistory, 1(1): 53-125.

Sgarbi, G.N.C. (org.) 2007, Petrografia Macroscópica das Rochas Ígneas, Sedimentares e Metamórficas. Editora UFMG. Belo Horizonte, 557 p.

Suguio, K. 2005, Introdução, p.21-27. In: Souza, C.R.G.; Suguio, K.; Oliveira, A.M.S.; Oliveira, P.E. (eds.), Quaternário do Brasil. ABEQUA. Holos Editora, Ribeirão Preto.

Suguio, K. 2007, Geologia Sedimentar Ed. Edgar Blücher – Edusp, São Paulo, 400 p.

Vanzolini, P. 1992, Paleoclimas e especiação em animais da América do Sul tropical. Estudos Avançados, São Paulo: 6(15): 41-65.

Winge, M. (coord.) 2016, Glossário Geológico Ilustrado. Disponível em http://sigep.cprm.gov.br/glossario/ Acesso em 19 de ago. 2016.

Mineralogy Database. Disponível em http://webmineral.com. Acesso em 11 de jun 2016.

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44139/tde-15052008-160651/pt-br.php

http://www.esci.umn.edu/courses/1001/minerals.

Publicado

11-nov-2017

Cómo citar

Penha, U. C. (2017). Jazidas de matérias-primas líticas brasileiras: Uma visão geológica. Journal of Lithic Studies, 4(3), 189–216. https://doi.org/10.2218/jls.v4i3.1624

Número

Sección

Artículos de Investigación